A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das recordações e se dilata. (…) Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras.
Italo Calvino – As cidades Invisíveis
Este projeto é um convite à escuta. Não apenas de sons, mas das múltiplas sensorialidades e subjetividades que coabitam o ecossistema urbano. Uma experiência sensorial das paisagens urbanas em suas sonoridades e visualidades possíveis. Entendemos a paisagem como um complexo e multiforme aglomerado de realidades, gestos, valores e indivíduos coexistentes no espaço geográfico que não somente expressa os significados e valores dos indivíduos que ali habitam, mas também se constitui enquanto espaço de atuação e transformação desses próprios indivíduos.
Ao longo de 12 meses, quatro artistas foram convidados a coletar e selecionar materiais – paisagens sonoras, fotografia e ensaios audiovisuais – em distintas localidades da cidade de Uberlândia e em temporalidades diferentes. Os espaços de coleta de materiais foram desde parques, espaços públicos diversos, patrimônios culturais da cidade, feiras livres até manifestações culturais, festas religiosas, dentre diversos outros, de forma a abranger ao máximo a diversidade de ritmos, cores e movimentos impregnados pela cidade.
Através da navegação no mapa digital, o usuário pode experienciar a perspectiva subjetiva do artista em observar e vivenciar a paisagem em questão podendo também acessar informações técnicas sobre o material em questão. Em breve pretendemos ampliar a experiência de forma a permitir um compartilhamento colaborativo da população de suas próprias gravações pelo espaço da cidade.
Sobre os artistas:
Ana Clara Guerra
é violonista e compositora. Possui Graduação em Música e Mestrado pela Universidade Federal de Uberlândia. Seu trabalho composicional tem maior ênfase no campo da música eletroacústica acusmática, trilhas sonoras e composições instrumentais para diferentes formações. Em 2020 recebeu o Prêmio BDMG Jovem Instrumentista. Em 2021, teve uma composição para violão solo premiada no Concurso Sons da Cidade, de Belo Horizonte. Em 2022 recebeu o prêmio de primeiro lugar no concurso Prêmio de Música das Minas Gerais. Em 2023 recebeu o 22º Prêmio BDMG Instrumental e Prêmio Funarte XXV Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Em 2024 lançou seu primeiro disco de violão solo, Novos Ventos, com obras inéditas de sua autoria e dos compositores Alessandro Pennezi, João Camarero, Lucas Telles e Daniel Lovisi. Faz parte da Associação Internacional de Violonistas Compositoras – AIVIC.
Gabriel Rimoldi
É flautista, compositor e arranjador. Possui mestrado e doutorado em música pela UNICAMP, onde desenvolveu pesquisas relacionadas à criação, performance e análise musical com suporte computacional, modelos interativos e instrumentos aumentados. Foi aluno do ciclo avançado da EMESP sob orientado pela profa. Dra Sarah Hornsby, período este que também integrou o Grupo Contemporâneo da EMESP, responsável pela estreia de dievrsas obras. Foi professor no Instituto de Artes da UFU (2013-2014 e 2021-2022). É diretor artístico do Cerrado Ensemble, um coletivo dedicado à performance da música dos séculos XXI e XXI. Já se apresentou em diversos países e em também em importantes espaços culturais do país.
Roberto Camargo
Historiador formado pela UFU e documentarista por erro de percurso. Autor de Rap e política (Boitempo, 2015) e Rap no Brasil: a periferia com o poder da palavra, 1988-2015 (Cancioneiro, 2024); diretor de É o fluxo (Centelha, 2015), Memória-Monumento (Nóis, 2018), Vidas Cruzadas (Nóis, 2018), Wagão (Nóis, 2023, em co-direção com Y. Kodato e A. Oliveira); Memória de velhos (Nóis, 2024, com V. Martins); pesquisador, cinegrafista e montador em diversos projetos audiovisuais, entre eles Delírios da odem, fantasmas do progresso (VMJr, 2016), Água suja (Rudá/Nóis, 2016) e Tem gente no parque (O sopro do tempo, 2024).
Yuji Kodato
é artista visual, cineasta e diretor de fotografia, atuando na área desde 2013. Dedica-se à produção de documentários de autor, filmes experimentais e projetos fotográficos colaborativos. Foi ganhador do prêmio de Melhor Fotografia no 55 Festival de Brasília de Cinema Brasileiro com o filme “Lugar de Ladson” e do prêmio de Melhor Filme na competitiva Minas Gerais do 18 Festival Internacional de curtas de Belo Horizonte, com seu filme “Experimento Cotidiano n.1”. Foi duas vezes selecionado pelo edital Rumos Itaú Cultural com os projetos “Territórios Corporais” e “Deriva Cartográfica”. Desde 2017 também se dedica a ministrar atividades formativas, com destaque para a oficina “O fazer audiovisual e a comunicação da cultura”, oferecida pelo programa Usinas Culturais do Ministério da Cultura. Desde 2017 dedica-se a diferentes ações dentro do “Deriva Cartográfica”, experimentando a criação de produtos variados, como exposições fotográficas, fotofilmes e fotolivros.
Ficha Técnica:
Direção artística: Yuji Kodato
Produção Executiva: Gabriel Rimoldi
Captação e Edição de áudio: Ana Clara Guerra e Gabriel Rimoldi
Captação e Edição de vídeo: Roberto Camargo e Yuji Kodato
Identidade Visual: Carlos Gabriel Ferreira
Desenvolvimento WEB: Angela Novaes
Incentivo: Programa Municipal de Incentivo à Cultura PMIC
Agradecimentos a: Núcleo de Música e Tecnologia – NUMUT/UFU; Programa de Pós graduação em Música – PPGMU/UFU; Produtora NOIS;
Incentivo:
Apoio: